Um relato real sobre travamento emocional, paralisia silenciosa e o primeiro passo para destravar de dentro pra fora.
Teve um dia em que eu acordei, tomei café, abri o notebook… e simplesmente não consegui fazer nada.
Nem ler. Nem escrever. Nem pensar.
Fiquei olhando pra tela por horas. Imóvel.
Com o corpo presente, mas a mente presa em algum lugar onde nada fazia sentido.
Esse tipo de silêncio não é calmo. É pesado.
É como se tudo parasse por dentro, mas o mundo lá fora continuasse como se nada tivesse acontecido.
E você se sente engolido por dentro — em silêncio.
Durante muito tempo, eu achei que era preguiça.
Depois pensei que era procrastinação.
Mas a verdade é que era outra coisa: travamento emocional.
Não era falta de vontade.
Era excesso de expectativa.
Pressão acumulada. Falta de espaço pra ser humano.
Vergonha de parecer fraco. Cansaço de tentar ser o que eu não sou.
E quanto mais eu tentava forçar, mais travava.
Como se cada tentativa só reforçasse a sensação de que eu não funcionava mais.
O travamento é invisível.
Pra quem tá de fora, você só parece distraído.
Mas por dentro, você tá num conflito entre “levanta e vai” e “eu não consigo mais”.
Aí vem a culpa.
Culpa por não gerar.
Por não estar produzindo.
Por depender de alguém.
Por não conseguir entregar nada que preste.
Você olha as pessoas vencendo na internet — enquanto você tá tentando levantar da cama.
E a sensação de fracasso te envolve até quando você não faz nada.
Não é só o corpo que para.
É a alma.
Você não sente vontade de conversar.
Nem de aparecer.
Nem de tentar de novo.
Você começa a se esconder até de você mesmo.
E o tempo vai passando, e o medo cresce:
Será que eu nunca mais vou conseguir voltar?
Será que quebrou de vez?
O que começou a mudar pra mim foi o contrário do que eu achava que precisava.
Não foi ação. Foi pausa.
Foi reconhecer o travamento sem me xingar por isso.
Parar de me forçar a funcionar e começar a respeitar meu tempo interno.
Aceitar que, às vezes, não produzir também é parte do processo.
E quando isso aconteceu, o travamento começou a afrouxar.
Aos poucos.
Com respeito.
Com silêncio.
Com um tipo de cuidado que ninguém nunca ensinou a gente a ter com a gente mesmo.
Talvez você entenda o que eu tô falando.
Talvez você também esteja tentando se perdoar por não estar “andando”.
E se for esse o caso, então talvez esse blog sirva pra você tanto quanto tá servindo pra mim.
Aqui não tem solução pronta.
Mas tem verdade.
Tem tentativa.
Tem recomeço.
Aos poucos, eu vou escrevendo sobre travamento emocional,
sobre ansiedade silenciosa,
sobre renda pra quem não nasceu pra vender,
e sobre como seguir — mesmo com medo.
Ainda tô tentando. Se você também tá, fica por aqui.
© 2025 Quase Desisti. Feito com verdade.
Desenvolvido aos poucos, com travas e tudo.